DESPEDIDA
Eu já me faço tarde.
Não mais amores, amigos, certa quimera.
Nenhum amanhecer.
No peito muitas dores
De longas esperas,
Que nunca vingaram.
A sorte adversa
Não pagou promessa
Mas traçou-me a linha.
Quero apagar-me depressa,
Luto pesado sob gotas de chuva.
Únicas lágrimas.
Sem saudade,
Sem motivo
Ou complacência.
Sem saber o que fui,
O que sou
Nem o que deveria ser.
Como um pôr do sol à espera,
Riscar de sangue o horizonte,
Crepuscular-me, escurecer,
Fazer-me noite eterna.
imagem: agerghe