DESPEDIDA




Eu já me faço tarde.
Não mais amores, amigos, certa quimera.
Nenhum amanhecer.

No peito muitas dores
De longas esperas,
Que nunca vingaram.

A sorte adversa
Não pagou promessa
Mas traçou-me a linha.

Quero apagar-me depressa,
Luto pesado sob gotas de chuva.
Únicas lágrimas.

Sem saudade,
Sem motivo
Ou complacência.

Sem saber o que fui,
O que sou
Nem o que deveria ser.

Como um pôr do sol à espera,
Riscar de sangue o horizonte,
Crepuscular-me, escurecer,
 
Fazer-me noite eterna.


 

imagem: agerghe
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 13/04/2015
Reeditado em 24/04/2015
Código do texto: T5206118
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