Paulistânia
Olhando assim aqui de cima
Do edifício sem final
Todo mundo dessa multidão
Que caminha apressado pela avenida
Meu Deus fica parecendo tão igual
Porém no meio de tanto grão de areia
Sei que sempre tem uma pedrinha de sal
Certa noite de céu encoberto e cinza
Encontrei escondida a lua
Nua bem debaixo de minha cama
Não tive dúvidas
E fiz amor com ela
Entre meus vermelhos lençóis
Aqui neste jardim de concreto
Encontro como esse fica secreto
E só se revela em poema
Afinal aqui ninguém conhece ninguém
Enquanto para uns é tudo por um milhão
Para outros mil pode virar cem
E da noite pro dia meu caro
Paulistânia vida
Não sou uma figurinha repetida
Em tua miscelânea atroz
Por Congonhas ou Cumbica
Descendo pelo elevador
Ou subindo as escadas
Executivamente eu escrevo
Que se no Rio se vai do Leme ao Pontal
Em qualquer piscar de olhos
Em sampa metade de mim é Santana
Enquanto a outra ainda é Jabaquara
Saiba que nas margens marginais do Tietê
Eu nunca fui o mais o veloz