Veraz Firmamento
Navegando em teu distante e escuro oceano
E um vento de recordações batem nas velas,
As ondas sacodem à proa, imergindo os anos
Em cores desfiguradas das tuas fotos e telas;
Remando solitariamente pelas tormentas do amor
Sem fé, sem remos, sem bússolas, sem céu estrelado.
As lágrimas são teus únicos amigos naufragados pelo clamor
Desse crepúsculo que mantém teus olhos acorrentados.
Não há lar para voltar, os faróis sagram os teus lamentos;
Cachimbo aceso, a noite é a única noiva de tua esperança;
Quem sabe as profundezas do mar sejam o fim deste tormento
E a lua cheia, compadecida, enlace o corpo desse pobre detento;
E que no fundo do mar haja o eco do sorriso de uma mudança:
E daquele coração triste nasça a aurora de um veraz firmamento.