A mancha mínima na lente
A mancha mínima na lente
Embaça o quarto, a rua,
A úmida manhã de maio,
Entorpece a silhueta dos letreiros do comércio,
As árvores da avenida,
Embaça o mundo, a vida,
Me enfraquece o ânimo, azeda o dia,
E quase acabo me esquecendo
De que a mancha é mínima
E só está na lente
E mesmo fossem os ventos adversos
Era só esfregar com força e confiança
O anel que tu me deste,
Que, até hoje
- apesar de vidro –
Não se quebrou.
(Brasília/84)