AGORA AS CINZAS...
deixei pegadas
e elas foram apagadas;
dediquei palavras, as melhores,
e foram amaldiçoadas,
mal compreendidas;
enviei poemas,
que se quedaram esquecidos;
ofereci o silêncio
e ele foi sacudido por gritos;
abri as mãos, os dedos
e roubaram-lhe as digitais;
doei meu coração,
que não foi transplantado...
incompatível?
mostrei meu amor, lídimo,
mas ele foi desacreditado;
fantasmas de más experiências...
almejei a parceria, a comunhão
e senti-me intrusa;
tantas vezes quis ser leve, brincar
e fui vista com ironia;
quando enfim me vi
nada mais havia a d(o)ar:
eu já estava agonizante.
tudo em mim se desfizera:
a calma, a alegria, o desejo,
a naturalidade, o diálogo.
[queria, quero, precisamos
retomar nosso estágio de encantamento...
varrer a borralha.]
das cinzas
fez-se um sonho,
que em cinzas se revolveu.
Inspirado em "Louco calvátrio de amor", de Péricles Alves de Oliveira.