A DÚVIDA

Quantas vezes eu tentei procurar em tua morada,
A paz que necessitava a minha alma atormentada.
Decidido estava eu de que somente contigo viveria.
Para sempre. E com nada mais eu me importaria.

Também na fria noite de inverno mais insinuante,
Aqueceria meu corpo nu no teu corpo escaldante.
Com volúpia e prazer responderia aos teus apelos,
E nos completaríamos atrevidos, sem nenhum zelo.

Pensei nas noites em que nos sentiríamos cansados,
E em todas as que nossos corpos estariam saciados.
Não me indaguei como ficariam nossos sentimentos,
Desprezados em favor do prazer real, simplesmente.

Restaram sem respostas a outras tantas indagações,
Perdidas na memória, no esquecimento, nas emoções.
Como as relíquias que são conservadas em relicários,
Resolvemos dissimular os pecados, sem comentários.

Ainda hoje busco na essência da vida uma explicação.
O que pode ter havido para privar assim meu coração,
Permitindo que o destino levasse o nosso grande amor,
Sem ao menos um esclarecimento, seja lá ele, qual for...

marcOrsi