NAVEGANDO

Hoje não, que o mundo é outro,

são outros os momentos,

e o chão, por baixo dos pés,

é firme como as rochas

que os barcos mais receiam,

nos baixios,

em atávicos temores...

Mas houve outros tempos,

em que caminhei sobre os mares,

e deixei pegadas de sal no convés,

em marcas que não eram caminhos.

Antes eram carinhos...

de outros amores,

feitos entre ondas e sentimentos

querendo despontar,

num tempo sem tempo,

por sobre o mar...,

enquanto sentia nas mãos o peso do vento,

caçado na vela,

e por cima do silêncio

um outro silêncio,

feito dos ruídos dela,

gerando movimento

( - gemidos em vozes de sisal,

mais altos, esticados,

e respostas mais graves da madeira,

vibrando, à sua maneira,

emoções em tom profundo,

falando o silêncio do mundo... )

16/6/2007