Medo da Noite.
Só comia maçãs quando estava doente...
Seu café da manhã era pipoca...
Todos os dias...
Seu pai trabalhava numa plantação de milho de pipoca...
Ia para a escola não para aprender as coisas da lousa...
Cabeça cansada...
Mas para comer a sopa de fubá rala em pratos de plástico verde...
Regada a limão china colhido às escondidas no pé do vizinho...
Quase sempre brigava na saída...
E apanhava...
Era fraco demais para levar pancada...
Mas levava e não chorava...
No turno da tarde vendia jujus porque senão a mãe espancava...
Quando a fome apertava e quando não era tempo de goiaba...
Comia as folhas da goiabeira com sal...
No fim do dia costumava correr atrás do sol com um lençol amarrado no pescoço...
Com medo da noite...