TRANSMUTANDO
De repente olhei para o espelho e pasmei
Mesmo mutante fico surpreso quase sempre
Quão veloz nesse existir me transmutei
A cada olhar entre um piscar e outro bem diferente
Amedrontado, deito o olhar inquieto
Sobre o inexorável tempo
Eu, um traste roto de olhar deserto
Tremulando inutilmente na ilusão do vento
Vejo perplexo e impotente o escravista
Sorrateiro, eficaz e voraz devastador
Que rasga minhas vestes e deixa às vistas
A última camada sobre alma: a dor
Ouço o silencio se espalhando entre os amigos
E outros arrebatados à inexistência
Para os lugares que na vida haviam crido
Tristes lacunas cujo silêncio é residência.