Esperança
Não destrua o que nos restou
Queremos verde, queremos flores
Não desista se não acabou
Queremos sementes e não dores
A orquestra acompanha o luto
Onde estão os nossos animais?
E o silêncio agoura algum futuro
Onde insetos não salpicam mais
Quem se dispõe nesse massacre?
Aniquilando a malícia toda
Quem chora, pelo menos sabe
A humanidade "se diz" boa
Nossos filhos precisam sorrir
Com saúde, com princípios
Nossos pais precisam se unir
Mais corteses, mais exímios
Família. O que é isso?
Poucos ponderam
Jovens. O que é viço?
Os velhos perguntam
Escravos da complicação
Inimigos da simplicidade
Distorcem o que é coração
Maquiam a própria falsidade
A questão virou clichê
Que abismo perseguimos?
Tanto ouve-se dizer
A que nível nós chegamos?
Existe ainda quem clama
Aquele que pede solução
Ao Criador que anda
Em busca de humilhação
Consegue sentir o tremor?
É contenda dos cegos
Circulando em um amor
Vazio nestes versos
Tantos são os erros remotos
Tantas grandes reviravoltas
E estes presentes remorsos
E estas conquistas aleivosas
Não destrua o que nos restou
Queremos metáforas e veracidade
Não desista se não acabou
Queremos sonhos e realidade
A poesia vai abalar e também destruir
Arrancar suspiros e implantar mudança
Ela vai dançar, mas antes quer vestir
A inesquecível, a real esperança
Convertendo aplausos em abraços
Assobios em um conselho pronto
Como um bom receptor de recados
Assinando o contrato de efetivo esforço.