ASCENDÊNCIA

ASCENDÊNCIA

Ela entrou em minha vida em ascendência

Mal sabia eu que sua alma era dura caatinga,

Não me importava com seus cabelos e jeitos

Olhos azuis da cor das geleiras chilenas frias.

Tudo nela me inspirava à paixão e ao medo.

Como a beleza que há nos cactos também dói.

Ela se mostrava em ascendência meteórica,

Morou fora de meu país, falava outras línguas,

A sua lucidez me seduzia e seu corpo eu queria.

Explorar o corpo mais maduro com garra de aço,

Escutava promessas de amor e de fogo eterno,

Mas como a caatinga é bela também tem morte,

Tem toca de peçonha em todo o lugar a aguardar.

Misteriosa mulher do sul que vivia em navios,

Conhecia a Europa e dizia ser lá o seu real lugar.

Começar a amar, a se envolver para tudo ruir,

Mentiras e loucuras descobrir ao entardecer,

“Livrai do mal” novamente entrando em mim,

Da linda viajante de cruzeiros parti a sofrer...

Ela entrou na minha vida como urubu na carniça,

Na caatinga muitos sobrevivem com artimanha,

Mas prefiro fugir e chorar ao entardecer no litoral.

André Zanarella 15-08-2014

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 06/04/2015
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