Outono
O outono é o pintor das cores frias
Que vem sempre depois das águas de março
Soprar suas nuances sobre a natureza,
Arrancando-lhe as cores quentes do verão
Renovando-a para mais um momento
De mudança e transformação.
O outono é o agricultor dos frutos outonal
Que vem sempre depois das águas de março
Colher seus frutos, doces e amargos.
O outono é o vento das ventanias
Que vem sempre depois das águas de março
Derrubar as folhas das árvores, folhas secas
Dançando dois pra lá, dois pra cá...
O outono é o sol dos madrigais
Que vem sempre depois das águas de março
Embevecer a poética dos dias pueris.
O outono é o adágio das notas musicais
Que vem sempre depois das águas de março
Assobiar aos pássaros melodias caladas...
O outono é o verso da poesia
Que vem sempre depois das águas de março
Desdizer dizendo a poética dos tons da vida...
O outono é vento, é ventania
É melancolia,
Folhas no chão,
É transição...
Um dia sem ninho
Um homem sozinho,
Um novo caminho...
Edna Maria Pessoa
Camaçari, 16 de março de 2015, 21h23min