INVOCAÇÃO...

...Perdão,... preciso poetar, poetizar

para os que nunca sonham,

aos que vestem das desesperanças

dos caminhos cotidianos,

dos que atravessam incidências

como os escudos do medo,

pelos desertores, nos botequins,

pelos derrotados que se adoram,

pelos ingênuos que aguardam,

que se matam...

...Porém, preciso poetar, não falar

desse dissipar que as vezes,

ocos e vazios,

de versejares indômitos

com estrofes simples,

instigantes, degradantes

que eu possa recitar a vida

que se revela no banquete

ou numa simples marmita

na pobreza, ou na fortuna...

Que eu supra os adornos

das musas das boêmias liristas

que meus versos sejam leitos

onde os homens durmam...

provendo a inópia da vida...

Deixe-me dançar a valsa do sopro do vento,

canção diagonal dos desencontros

e das lógicas da modernidade

das ruas da loucura

do furto das madrugadas

dos eunucos que se odeiam

sou criado por tudo e sabedor de nada.

perdão, desculpe-me meu poetar...