Súmula
Euna Britto de Oliveira
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Deus tapou o nariz com o polegar e o indicador
De sua Santa Mão direita
Pra não sentir o cheiro que exalava do mundo...
Aí, veio Nossa Senhora
E aspergiu água de rosas,
Essência de flor de laranja,
Sereno do mês de maio...
Pôs um coro de mil virgens
Para pedir a Deus piedade!...
Deus olhou para baixo
E teve saudades do homem...
Convidou-o a subir,
Achando a coisa melhor do mundo
O fato de Seu Amor ser vasto como o mar
Profundo como o abismo
Sagrado como o Cristianismo...
Infinito!...
Minha cama está iluminada como uma noiva,
Porque tenho uma janela que dá para a lua.
Até eu estou prateada!...
Uma de minhas crianças ressona
E eu recobro a razão.
Um avião faz barulho e não passa.
O céu está limpo
E as estrelas, previdentes!...
Quem tomou o avião que explodiu,
Será que viu no aeroporto
O cartão de visita da morte pré-datada,
A falta de sorte enlatada?...
Nem todos têm visão
Para enxergar microcosmos.
A Sabedoria está em cima da mesa
Ou entre a terra e as estrelas.
A Ciência, porque a Ciência...
Falta-me paciência,
Apelo!
Enquanto pesquisam a cura do câncer,
Eu já perdi minha mãe
E é caso perdido o meu pai...
Médico ateu, até que eu aceito.
Estão muito voltados para as vísceras...
Mas Aviador, não!
Este é o que vai ao céu
E volta,
Como quem pede alvíssaras
Para contar o que viu!...
O que se encontrou com o trovão
A dez mil metros do chão,
E se encostou nas alturas!...
Viu a alvura do lado avesso das nuvens
E se desprendeu, durante horas, do solo!...
No Juízo Final,
Depois do túmulo,
A súmula do julgamento
De cada um!