VEZ EM QUANDO
E veio a primavera e me fiz outono.
Desfolhei-me em pétalas de desengano.
E flori amarguras.
Vez em quando viro tempestade.
E trovejo espanto.
Resta-me um corisco no olhar.
Um relampejo de esperança que risca o céu.
Dardejo, viro seta e me arrisco.
A noite me engole.
Pássaro solidão se aninha em mim.
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(À minha amiga poeta Kathleen Lessa, dedico)
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INTERAÇÃO 1.
As vezes viro mormaço.
Mormaço de março que já é abril.
Nunca me fiz outono,
mas já me fiz amarguras.
Espantos? Trovejo baixinho.
Tempestade? Quem me dera...
Foi-se a idade.
BERNARD GONTIER)