VEZ EM QUANDO

E veio a primavera e me fiz outono.

Desfolhei-me em pétalas de desengano.

E flori amarguras.

Vez em quando viro tempestade.

E trovejo espanto.

Resta-me um corisco no olhar.

Um relampejo de esperança que risca o céu.

Dardejo, viro seta e me arrisco.

A noite me engole.

Pássaro solidão se aninha em mim.

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(À minha amiga poeta Kathleen Lessa, dedico)

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INTERAÇÃO 1.

As vezes viro mormaço.

Mormaço de março que já é abril.

Nunca me fiz outono,

mas já me fiz amarguras.

Espantos? Trovejo baixinho.

Tempestade? Quem me dera...

Foi-se a idade.

BERNARD GONTIER)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 04/04/2015
Reeditado em 06/04/2015
Código do texto: T5194301
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