VOLTA AO VENTRE
Disseram que a mulher que deu-lhe à luz
Não era, de um deus, mãe verdadeira.
Que os anjos lhe falaram; foram vê-la,
E no ventre fechado, semearam.
Nasceu-lhe sob o brilho de uma estrela,
E a alegria ao vê-lo, misturava-se
Ao medo do futuro anunciado,
Pois ao mirar seus olhos de bebê,
Ela reconheceu-lhe o triste fado.
Tentou não dar ouvidos aos profetas,
Tentou negar, dos anjos, a palavra...
Viu-o crescer, e os passos que ele dava
A cada vez, mais dela o afastavam!
Até que um dia, fez-se a profecia:
Do alto de uma cruz, ele a mirava...
Sua alma de bebê, tornada homem,
Era a alma de um deus que a deixava!
E hoje, a cada Sexta-feira Santa,
A alma dele abriga-se em seu ventre,
Ela o envolve em luz, e ele sente
A paz entre as palavras que ela canta.