A carta que não mandei
Não é que eu seja egoísta,indiferente
Descrente do real valor das raízes
Somente por não estar entre elas
Eu gostaria tanto,tanto,nem imaginas o quanto...Mas,por Deus e por mais que esforce,não consigo
Meu caro primo e amigo
Talvez eu tenha mesmo um comportamento estranho de um absurdo tamanho(Confesso, reconheço)
Mas, pare um pouco e pense,
Tente por um instante apenas compreender, que é assim que sou
E nada vai me convencer a uma brusca transformação, agredindo o meu jeito de ser
Amigo, eu tenho medo da maldição atômica
Do terrível pesadelo da ambição bélica
Das cruéis mentes satânicas
Semeadoras do ódio, miséria e fome
Ceifando vítimas nas estratégias infames
Cúmplices da morte sinistra que nos ronda
Algum dia, quem sabe, quando lágrimas,lástimas, dores e dramas não mais existirem, aí sim,terei motivo
De sobra para enviar-te algumas linhas, comunicando-te das novidades, monotonias, amores,felicidade, armonia,paz e flores.
Dedicado ao primo e amigo Senildo Silva Figueiredo. Dez.1993.