estilo rap
A vida é sem ponto final
a rima segue seu rumo
sem muro
um murro
visceral
picada ardida
na rua encardida
no beco escuro
azul e vermelho
brilha longe
radar ligado
viu primeiro
num tem vaga
pra pipoqueiro
calor pesado
no frio de junho
só os maloqueiros
sobreviverão
quem viver
verá o sol
nascer redondo
no verão
senta ai mãe
não chora
é assim mesmo
a situação
dia de visita
eles humilham
alegria e tristeza
sorriso e o choro
circo e pão
lado a lado
quem escolheu
o caminho
mais curto
caiu no cascalho
solo acidentado
sandálias
ki-chute
ou pés descalços
o rap e o crime
romeu e julieta
amor impossível
nem Shakespeare explica
era pra te livrar
nunca botar em treta
brilha os olhos
dos irmãos
tamanha ostentação
ouro de tolo
valor é estudo
os cordão no pescoço
é puro latão
se envorve joão
com educação
ninguém te rouba
ninguém te tira
se liberta
da manipulação
O hip hop
sobrevive
longe distante
da escola particular
resistindo aos colonizadores
que querem se apropriar
no dalva de oliveira
na casa do mano xis
na linha dos versos
nos beiços do trogelis
reside feliz
sou aprendiz
assim sempre será
mas um neguinho
pé vermelho
correndo atrás de bola
batendo balãozinho
com verbos
agradecendo a Deus
os versos
obrigado pelo privilégio
dá mãe que me deu
uma negra ponta firme
que da luta
nunca correu
calejado no preconceito
pelas frases de efeito
dos patrício que sempre tirou
e hoje quer pagar de preto
vou contar pra vocês
uma história antiga
dos manos no cativeiro
sonhando com a nossa vida
hoje tá tudo aí
é só saber chegar
num paga pau desses puto
faz seu lado
pode acreditar
quem faz o seu
corre no certo
vai prosperar
Tudo na vida tem volta
assim roda o mundo
é o Hip Hop cobra
vacilão pago com juros