Salva a dor

Salva a dor

(Dom Rimático)

466 anos querem festa,

Alegria,

Brindam os copos,

Mais nao blindam os corpos

Pois o sangue ainda vem da periferia.

Acordar cedo

Diante o medo

Várias notícias

Entre os festejos,ensejos

Assimilaram preguiça

Ao vivo!

Tô vendo as mortes banalizada

Reporte descobre o corpo

E descobre no rosto

Que era só mais um

Com a cor igual da semana

Passada.

É mais bala se achando

E nos confrontos se perdendo

Mais garotos gostando

Alienado cedendo

Criança nascendo

Sem pai/sem paz

Nas ruas indecisas

Do futuro que não se faz.

Formando uma infantaria

de infratores,

Nas sinaleiras

O sinal vermelho

Dos olhos transmissores

De ódio, revolta,

carência incuráveis.

Drogas são antibióticos,

A luz do túnel da esperança

É disfótico

Celulares gravam

E mandam vídeos pra televisão

Retrata que dá pra viver

Vendendo miséria

Só é ter um na mão.

Os flash hipnotizam

Mais não quem é de verdade

Revela que a negativa

São as fotografias da cidade.

Nosso irmão/estão

Nas faixas da pobreza

Dividindo o que não tem

Entre alegria e tristeza

Como pensar

Em ser solidário parceiro?

No lugar

Que quando a farinha é pouca

Querem o pirão primeiro.

Nos hospitais rotina de agouro

Fila imensa

E a sentença

É o tempo cronometrado

por cada gota do soro.

Pro choro,

Anestesiaram as dores

É o sofrimento,

Distribuíram lenços pras lágrimas

Como argumento.

Nas chuvas:

Alagamento

Nas curvas:

O sofrimento

Nas luvas:

Do IML, epidemia

de todo os tempos

No lixo: garimpo

No rosto: uma vida

Daqueles que todos os dias

Tem a mesma batalha sofrida.

Coletam o medo

Reciclam sonhos, lembranças

Nos entulho/barulho

De quem sucateia a esperança.

O povo está padecendo, sendo

Que não estão vendo, vendo

Fingem que nada disso. Está acontecendo.

Delegacias super lotada

Com as mentes super dotada

Capacidade,

De transformar

Amor em ódio e mais nada.

*Nosso futuro estão nas esquinas

Com arma e Cocaína

Não acreditam em herói

E usam heroína,

Que sina!

Das mazelas a escória

Dos mitos a história

Contraditória

se seu hino Fosse escrito agora

Talvez não acrescentaria Cidade de tanta glória

Quem diria!

Onde a beleza e o medo

fazem moradia,

Mães oram,

Mães choram,

Retratas bem o passado

e lógico!

Trágico

Quem matou mais negros

Polícias ou católicos?

Leis impune /Não pune

Falta de amor

Leis impune /Não pune

Só a lei do silêncio

Por aqui tem vigor.

Gladiadores

Brigam de frente pro espelho

As lentes dão o zoom

Tapete vermelho

Senhores de engenho

No coliseu,

Chamado de camarote no século XXI.

Sena comum

Sem capitão do mato

Sem feitor

Nos mesmos nos açoitamos

No solo que tanto sangue derramou.

Salva a dor,

De todos os seus filhos fracos

A beleza do travesseiro

Vem dos trapos.

Dom Rimatico, ou melhor Luís Ricardo. Quem sou eu? Deixei de sonhar no travesseiro, deixei de correr atrás, acreditei mais em meus versos do que em mim mesmo.

Dom Rimático
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 31/03/2015
Código do texto: T5190022
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