Letras Mortas
Milton Pires
Nem sempre o ato da escrita
é algo pra' exibição, fonte de
orgulho, proeza, ou exemplo
de “inspiração”
O problema é fuga do autor
inventando a falsa modéstia
aumentar reduzindo poema
dizer que verso não presta...
Não sei se escrevi algo bom...
motivo não dá pra' explicar
em mim o poema nasceu e
escrito - ganhou outro lar...
Casinha maior que escrever
traz sempre à vista na porta:
“entra, poema, sou teu leitor
é teu pai que já não te quer..”
Filho que então era meu qual
faca que carne não corta, o
poema que trago no peito...
escrito já é letra morta...
Porto Alegre, 29 de março de 2015.