A FALÊNCIA DO MUNDO
O mundo.
Grande caldeirão de destroços,
Celeiro sem recicláveis.
Mundo, caduco mundo!
As drogas, estas não falham.
Maldade, essa se alastra.
A vaidade estampa-se em casa ato.
O egoísmo aprimora-se.
O outro, ora o outro!
Guerras e bombas explodem.
Chuvas e inundações engolem cidades.
Deslocam-se calotas polares.
Geleiras têm degelo acelerado.
Poluem-se rios e oceanos.
Tempo seco incendeia florestas.
A seca empoeira vidas, abre desertos,
O frio não poupa plantações e animais.
Nem gentes.
Tornados e vendavais bailam.
Furacões e maremotos repentinos.
Há poluição de toda forma.
Remédios paulatinamente matam.
Alimentos matam lentamente.
Crescem a fome e o sobrepeso,
O desemprego e as empresas.
Vacinas requerem antídotos.
Profusão de doenças e esquisitices.
Quantas viroses e neuroses?
Há mais gente nas ruas e nos hospitais.
Edifícios de luxo e favelas desabam.
Filhos matam pais.
Pais abusam de filhos.
Chacinas viram rotina.
Amigos formam quadrilhas.
Detentos comandam a sociedade.
Políticos competem com bandidos.
Igrejas praticam pecados.
Violência vira esporte,
Combate ao tédio.
Inveja e vingança
No topo da pirâmide.
Aviões falham.
Foguetes falham.
A energia falha.
Falham a tecnologia,
Os meios de comunicação.
A comunicação gera desencontro.
As notícias carecem de lisura.
A honradez sai do dicionário.
O conhecimento fende-se.
Discriminação vira exercício de escolha.
A escola falha.
Falha a medicina.
A pílula falha.
O sexo falha.
As relações falham.
A família se dissolve.
Falham também a memória,
As intenções, os planos, os sonhos.
A justiça dispensa a balança.
Falha a boa vontade,
Falha o coração...
O mundo fal(h)ece!
Acanalha-se em toda direção.
E o amor,
Vai pelos ares!
Morto em estilhaços,
O Amor não mais constitui pares,
Encapa estranhos sentimentos.
O mundo é sorvedouro do Amor.
A bomba!
E então, humanistas?
Cadê a bomba, afinal?
Que nos salve desses tempos?
Urge uma,
Uma só!
A certeira,
A derradeira.