Uma prece aos solitários

Eles
Caminham nulos sobre a chuva fina
Dobram a esquina
E suas lágrimas
Tristes e salgadas
Confundem-se com a doce chuva
E dor finge que se esvai
Reparo neles
Sozinhos na igreja
Perdidos na sua oração
Talvez maldição
Apegados em sua crença
Bocas secas, mãos tremulas
Corpo e alma vestidos de negro
Guardaram que segredos?

Faço uma prece aos solitários

Pela janela
Alguém sentado no banco da praça olha a Lua
Alma seminua
Ouço seu uivo,
Coiote insone da noite
Preso no açoite
E ela?
Perdida entre ilusões
O parceiro álcool em qualquer bar
Tentando se achar
Sua melancolia se misturam à futilidades,
Lembranças e pobre melodia
Triste e sádica mania

Faço uma prece aos solitários

Oro por todos
Que tem como único consolador
Conselheiro
O próprio travesseiro
Amigo fiel, traiçoeiro
Amantes da na noite
Remoem as lembranças
Engolem a seco a vida como é
Lhes restam sua fé
Pobre foi ele
Escolheu percorrer o rumo da solidão
Ficou preso ao chão
Suas raízes amargas,
Lhe impedem de voar
Buscar o achar

Faço uma prece aos solitários