Voo cego
Hoje meus sonhos não vieram.
Se ausentaram feito bala em disparada insana
E se perderam qual neurônio insone.
Hoje minhas asas não se abriram aos céus.
Se encolheram rastejantes por poeirentos desertos
E negaram-me voos que me fizessem liberto.
Hoje meu riso escancarou-se em luto.
Emudeceu e esvaziou-se contra o muro pérfido
Que esconde a mazela de meus olhos gélidos.
Hoje minha voz se calou aos prantos.
Lacrimejou e se afogou em neve e sangue
Derramando-se morro abaixo, em turbilhões, entregue.