VIDA

A selva parece imóvel

Paira no tempo e espaço

Por um brevíssimo momento

Antes do ataque voraz

Um grupo de leoas

Cerca uma zebra distraída

Que dispara em retirada

Vã tentativa desesperada

A fome felina tem a força da urgência

Do instinto

Da vida

Hienas aparecem para lamber os restos do banquete

Abutres reivindicam seu quinhão

Insetos abjetos fartam-se com as migalhas de carne

E os vermes brotam como cogumelos

Vem a chuva forte

Procela celestial

A tempestade açoita a mata

Açoita os vivos

As pedras

O vento faz a selva dançar freneticamente

Levando a velhice embora

Ceifando os brotos fracos

O estômago revira enjoado

Os pés pesam imobilizados

A cabeça gira no redemoinho das intempéries

O coração tem frio

Mas o vento para

A chuva cessa

O céu azul possibilita tudo

O sol brilha mais forte do que nunca

E num arco íris perfeito

A natureza mostra seu brilho e sua cor

Sua paz e seu amor