POEMA MÍNIMO
(Mais um da juventude)
Lembrança do verso súbito
Nascido no guardanapo
No papel de presente
Presença da Poesia na folha de castanhola
No papel de embrulho
No papel do pão,
alimento-poesia brotando dos teus dedos
natural, fluido, consistente.
Beira-rio, poesia líquida,
Cais do porto,
Destino.
Sina de escrever sem se explicar,
sem traduzir.
Só colocar em todo pedaço de papel,
mesmo pequeno,
a imensidão do querer entender
apreender, comer o mundo e sua polpa macia
às vezes acre, às vezes mel.
Nesse momento, apenas, sem dizer teu nome,
dizer que estás aqui, subitamente,
neste poema mínimo nascido sem ajuda,
brotado do papel.