Morte, após a morte
Morte, morte incerta e traiçoeira
aprendi a viver na noite em teus braços
e até já estou te achando meio maneira,
mas por favor, me livre dos teus amassos.
Contigo não tenho sonhos, só pesadelos
teus braços gélidos me faz arrepiar
por favor, ouça uma vez os meus apelos
porque ainda me sinto incapaz de te amar.
Até amaria, mas do lado de cá
durante o dia com o sol a raiar
não na noite onde quer me afogar
com a claridade, me sinto apto a amar.
Mas você teima, quer contigo me arrastar
esquece que sou muito, muito forte
por isso quero estar só, onde devo estar
para poder dizer oh! morte, que vivo após morte.
Ah! No balanço não, pois teu balanço mata
e eu quero viver te amando bem de longe, à distância
no momento é a solução, de todas a mais sensata
quero ficar bem velho e não morrer na infância.
Oh! morte, chore não, te renego agora
mas como és de tudo, persistente
um dia muito longe, bem velhinho, como outrora
hei de me lembrar do compromisso que há entre a gente.
Vê, já estou quase te vendo como amiga
mas não se anime, não anime muito não,
pois continuarei fazendo contigo intriga
só daqui há uns cem anos, te darei a minha mão.