A dor do dizer
Certo! Devo começar pelo estranhamento e dizer.
Mas o que devo dizer?
Sobre as formas, sobre a vida, a dor ou quem sabe devo parir ideias aleatórias, encantadas, ou de outro modo: devo sangrar a matéria e me regular no meio, ou devo regular-me pelo meio e exercer a fala pelo dever natural do cantar os tons da razão? Não saberia ao certo por onde começar.
Então; O que devemos dizer?
Ora, devemos trazer conflito! Devemos ser o conflito? Devemos ser tomados pelo todo?
E se pretendemos dizer sobre o todo o que queremos?
Reinar a autoridade, ter soberania de voz, tornar um canto universal, ser a evolução de uma raça, o que mais? E sobre este mesmo (o sujeito particular, o eu), o que dizer?
E ainda mas, como dizer?
Devo dizer política, devo relacioná-la com a ética, devo discutir a eternidade?
E nessa idade? O que nos restará à discussão? Devemos falar do princípio? fazer suposições graciosas, formar a gloria com um novo vocabulário? Ou será que devemos nos trancar no armário e fazer dele nosso esconderijo no mundo?