Á MORTE DE CÉSAR MONIZ
"Was rlagt ibr? Warum weint ibr? freuen solltet
lbr euch mit mir, das meiner Leiden Ziel
Nun endlich naht, das meine Bande-fallen,
Mein Kerker aufgeht, und die fobr Seele sich
Auf Engels flugeln schwingt zur ew ' gen Freiheit!..."
(SHILLER - " Maira Stuart")
"Whatever my day others seem
I only feel, as time gides by
This truth - that we were born to die
And that our life is but a dream."
(PATCHETT MARTIN - Poeta australiano)
I
Sobre o negro caixão, isócranas tombando,
Rolam as pás de terra e pouco a pouco o somem...
Como dói ver assim ir-se lento fechando,
A treva sobre a luz, a cova sobre o homem!
Ironia que aterra! Antítese funesta!
Enquanto espouca o pranto em lúgubres clamores,
Ri-se calma, triunfal, a natureza em festa,
Enchendo o céu de luz e o chão sempre de flores...
Partiam um a um os amigos do morto...
A triste cerimônia acabara-se. Absorto
Fiquei - tudo em redor era tranquilo e terno.
Ao ver aquela paz, pensei nesse momento:
Que bálsamo celeste, o grande esquecimento!
Como deve ser bom dormir o sono eterno!...
II
Eis-te enfim obumbrado, ao clarão assombroso
Que te coroa de Glória aos pés do Criador!
Já não te ferem mais as tenazes da Dor,
Já não sentes da Vida o inferno monstruoso!
A cova é o ninho, a cova é o sono, a cova é céu!
Sara aí, toda chaga, o sofrimento acaba...
Do vil batráquio humano a virulenta baba
Não vai mais perturbar quem nela adormeceu...
À sombra funeral, poética, divina,
Do cipreste fiel que sobre ti se inclina,
Dorme, meu pobre irmão, dorme tranquilamente!
Um poeta não morre! a morte o transfigura!...
Se tomba o corpo inerte ao chão da sepultura,
Ergue-se ao céu da História um nome eternamente!...
1890