REGRAS DO SENTIR

Na poesia,

O amor e a dor são rimas pobres e vazias.

Na vida, são aliterações invasivas

complementares e, deveras, são amigas.

Todavia, também em versos pobres,

Há um certo efeito afrodisíaco psicótico

na dor de se reverberar o amor em verso.

Mas a catarse dolorida da poesia compulsiva

-na vida-

sequer se subjuga às regras literárias do sentir.

Segue apenas sentindo...e ressentindo vazios.

Mesmo o tempo,

Embora senhor de ego poético

amorfo, algo combalido e traiçoeiro

sempre dá uma trégua de dor

À pungente nova rima de amor.

Para que se possa...

no tempo da rima curta

da poética absurda...

Latejar em verso branco

Todo o amor

A se ressentir em pranto.