Noves fora, nada.

Noves fora, nada.

Se o que restasse fosse ainda o ontem

não andaria mais pelas calçadas;

me entregaria à valsa dos ventos

não beberia do vinho derramado.

Se o que restasse fosse apenas vida

não temeria as sujeiras do ralo;

não tentaria correr contra o tempo

nem ousaria mais crer em pecados.

Se o amanhã apenas me sobrasse,

sobrasse o sonho e me faltasse a sorte,

não haveria nada além do nada

nem mesmo a força pra queixar-me à morte.

Se o que restassem fossem apenas flores,

pra escuridão apenas algumas velas;

são estaria de todas as dores

morto aos amores e à vida que encerra.

22/03/2015