DESINSPIRAÇÃO

Dia sagrado da arte, a mais bela arte

Incerto e íngreme é o caminho, o percalço

Vislumbro a musa muda, nua a esmorecer

Não sei a pinto, a descrevo, a fotografo.

Tênue silhueta no alvo e claro alvorecer

Olhos cerrados para cheirar sua passagem

Pois na marina matinal a esmaecer

Entre as brumas, as marés e naus vagantes

Os meus pincéis perpetuariam sua imagem.

Eis que na minha vida já desponta o entardecer

Escrevo versos, rezo poemas, ouso até mesmo…cantar!

Mas qual! A tão linda dama se recusa a me escutar.

E assim a tarde passa lenta, morna, mortiça

Chega a notícia de que o sol vai desmaiar.

A moça singela se espreguiça na preguiça

De uma noite escura onde a lua nem saiu

Quem imagina a poesia sem a lua?

Quem imagina um poema sem a musa?

Quem pinta cores no escuro absoluto?

Quem canta versos na voz muda e no luto?

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 22/03/2015
Código do texto: T5179638
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.