A CHUVA
A CHUVA
Lá vem ela de mansinho
Meio acabrunhada disfarçada.
Molha um pouco aqui
Um pouco lá, outro acolá.
Vem surgindo sem ao menos avisar
Sem alarmar, sem retardar.
Vem molhar as plantas, o pomar, o ar.
Vem encher o córrego
Que o homem desviou
Vem renascer a cachoeira
Que um dia deu prazer
Vem transbordar o rio
Para irrigar a terra
Do caboclo que chora
Da planta que secou
Com ela vem a tempestade
O desconforto, o choro.
De quem ficou ao léu
Olhando para o céu
Debaixo de um arranha-céu
Ela limpa, sacrifica.
E fica
Ela atormenta, aumenta.
E se ausenta
Ela traz o sol
A seriedade, a bondade.
A contemplação
A solução
De quem não tem para beber
O líquido divino da purificação
Ela traz o arco-íris no céu riscado
Identificado no azul anil
Tão belo e viril
Valmir Vilmar de Sousa (Veve) 20.03.15