METADE DO MEIO DE MAIS OU MENOS
esse poema meia-boca que escrevo
não disfarça os meus dilemas
escorrega, sai da cabeça
meio às pressas, meio às tontas
arremedo de certos anseios
certeza de meus medos
poema meio besta, de meias palavras incertas
de certos acertos acertados a esmo
escrevo um poema de altos e baixos
coberto de autoelogios embaixo do eu
soberbo eu: rascunho de versos diversos
colorido, noturno, de sombra, de água fresca
cérbero, eu: mordo a cauda, rosno, rasuro a cabeça,
arranho a folha, a ponta dos dedos
rabisco rabisco rabisco
por fim desisto de insistir nisso
volto pra dentro da folha
fujo pro fundo da gaveta
escapo pro arquivo da lixeira
poema-problema
quase não-poema