Eu amei, meu bem.

Amei...

Amei tudo que há pra amar em você.

Amei o seu jeito; seu pouco caso.

Amei seu desastre e a sua culpa,

E que culpa tenho?

Amei, de fato, até mesmo a sua respiração, a sua transpiração, a saudade. Ah, e que saudade bate agora!

Pois amei-a meu bem, amei.

Amei seus defeitos,

Amei seus cabelos, cada fio. Amei o frio que me causaram as suas palavras.

Amei o silêncio que sempre invadia as nossas conversas, amei o beijo que vinha logo depois.

Amei seu dedos, seus lábios e abraços apertados.

Amei seus suspiros e seu sorriso de lado. Sua ânsia, sua calma, sua alma.

Amei...

Amei os seus olhos, amei a sua inquietação e a sua timidez.

Amei o amor que me dava.

Amei o sono que tardava.

Amei o abraço, a mordida, o beijo que faltava.

Amei, e basta.

Basta, basta!

Amei ao ponto de dizer "amei!"

Amei ao ponto de dizer "cansei!"

Cansei de ficar tão longe, de ficar distante, de ficar só.

Porque não fica?

Venha, te dou consolo, te abraço, te escondo.

Mas como?

Como essa saudade que fica, essa falta, essa solidão, e essa fome tem nome.

Ah, pois fica. Tudo fica... porque você não?

Eu amei meu bem o distante, o nestante, o porém, o quase, o mais ou menos, o menos.

Amei, não é o bastante?

E antes que me diga qualquer coisa, antes que me faça carícias, antes de tudo,

antes quero que saiba

Que não cabe mais a mim amar, sabe?

O amor é muito grande aqui dentro e quer transbordar.

Não vou deixar.

Ele quer saltar pra fora e te agarrar.

Não vou deixar.

Que vai pensar de mim assim? Com um amor afoito te agarrando pelo pescoço?

Não vou deixar.

Ah, no entanto, vou me deixar levar, vou me deixar gostar... Porque não?

Eu amei meu bem, enfim,

Amei calada,

Mas saiba que eu amei.

Amei e basta.