gaiolas em mim

os meus pássaros presos, com asas esvoaçantes

como o flerte adjacente

do por do sol vindouro e seguinte

que se faz reticente

e presente

na ausência lenta

das poeiras lunares

por entre os voos de verbos

secos. brutais viscerais e virulentos

por entre as gaiolas inóspitas sedutoras

longínquas e sem despojamentos sadios

secos aos ventos virtuosos

dos descasos

dos ocasos díspares

dos ocasos taciturnos

de minha herança

sem vínculos

bastardos

de longa vida estreita e

longe de ser poética como as setas das sementes

virais carnais

como os ventos

dos perigos

da prisão

de asas

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 17/03/2015
Reeditado em 17/03/2015
Código do texto: T5173644
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