SERRA PELADA 2
Antonieta Lopes
Não devem te chamar Serra Pelada,
Pois nua és só por fora, dentro tens
Tal quantidade de outro que explorada
Cobrirá de joias dez harens.
Teu ventre é o de uma mãe abençoada
Teu sangue de metal em vaivém
Enche os pratos na farta consoada
Dos que contavam há pouco seus vinténs.
Quisera cavoucar, sentir na mão
O peso da pepita rutilante,
Como faz o humílimo peão.
Na alegria pueril de amado infante,
Dos seios que pejados inda estão,
Beber do fulvo leite cintilante.