Poema do aeroporto
Entre terminais não durmo
A quantidade de horas. Ainda
Que muito se mova nada se
Passa. Um súbito desarranjo
No tempo fez de tudo um mero
Acúmulo. Com o descompasso da
Duração, o montante despropositado
E mudo atrás do que nada tem
A si se mostrava: espesso e sem
Transparência, do que bloqueia
A minha visão senão de coisa
Nenhuma? Sem a medida que
Diferencia os minutos das horas,
Num eterno "ainda não" mordo
Os lábios para não desaparecer.