Poema da palavra

Não deu...

Não deu para embrulhar as palavras

elas iriam ficar amarrotadas

todas presas dentro de um discurso apenas...

Não deu...

Não deu para contê-las alinhadas por muito tempo

elas se preferem soltas, livres assim

todas na ocupação do espaço...

Não deu...

Não deu pedir silêncio a elas

são tão barulhentas e independentes

que iam, aos poucos, tornando-se emancipadas

todas em estado pleno de plurissignificação...

Não deu...

Não deu amarrá-las em balões

porque não existiu acordo!

As palavras vezes são hiperativas, escorregadias

e nos embaralham os significados.

Saem pela tangente da sinonímia

e num contexto de sufoco,

prefiro vê-las aos saltos

a agrupá-las por prepotência!

As palavras são várias

eu apenas navegador...

(Marcus Vinicius)