CALEI-ME!

Calei-me do grito que trazia em mim

Escondido bem dentro deste peito meu

E tudo o que queria era só enfim

Nem sequer tornar-me num rude plebeu!

A voz embargou-se e fechou-se a boca

Faminta de beijos, sedenta de água

E o coração transformou-se em mágoa

Numa ânsia forte, constante e louca!

Fiquei sossegado, sem nada dizer

Porque aquele brado, ninguém escutou

Agora nem sei sequer o que sou

Nem se ainda há forças para eu viver!

Calei-me e o silêncio se fez ecoar

Tão estranho e quieto, fiquei por ali

À espera que eu visse teu vulto chegar

Para receber doce abraço….vindo de ti!

Parei neste tempo injusto e cruel

Onde mesmo sem espaço, era um sortudo

Apenas relembro um gostinho a mel

Mas falar jamais…pró mundo estou mudo!

Calei-me e assim permaneço

Até que um dia eu siga em viagem

Buscando lá longe um novo endereço

Em que a utopia não seja…somente miragem!

Minha gente amiga, não desalentais

É apenas um poema, uma confissão

Se há homens que são pior que animais

Todo o seu destino é estar na prisão!

Voltei a rever a essência da vida

Depois de pensar que afinal sou gente

Então já não quero calar-me em seguida

Nem ter o meu sonho …pra sempre dormente!

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 14/03/2015
Código do texto: T5169816
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