Leveza

Tiraram-me as cores com que pinto a terra,

As flores agora tristes, perdem a vivacidade.

Faltam-me tintas para pintar a serra,

As pobres das flores choram sem liberdade.

Tiraram-me as cores com que pinto o vento,

Os pássaros agora melancólicos, não querem brincar.

Só ouço alguns cantos de lamento,

Os taciturnos pássaros estão só a me olhar.

Tiraram-me as cores com que pinto os mares,

Os peixes prateados, agora solitários.

Cinza chumbo tornou-se o azul de seus lares,

Os tristonhos peixes tornam-se imaginários.

Tiraram-me as cores; despercebido,

Levaram-me tudo e até a felicidade,

Deixaram-me com o coração doído,

Roubaram-me as cores, é verdade.

Porém, deixaram-me os pincéis,

Eles são a esperança de que haja cor,

Tão singulares, agora assimiláveis.

Sei que podem absorver a dor.

Um dia devolveram-me as cores,

Voltei a pintar, tudo com mais delicadeza,

Enchi as telas de pétalas e amores,

Assim, encontrei minha leveza.

Anna Julia Dannala
Enviado por Anna Julia Dannala em 13/03/2015
Reeditado em 13/03/2015
Código do texto: T5169042
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