Agenda
Assim temos vivído:
Cheios de compromissos,
Com o corpo dolorído,
Quase sempre submissos.
Numa falsa alegria
Cansados corações, taciturnos.
Tudo sempre monotonia,
As vezes dois ou até três turnos.
Coragem daqueles que todo dia amanhecem
Pegam o transporte e põe-se a correr,
As vezes, se sossegam, até se desconhecem,
Sempre com pressa de viver.
Aí eu me pergunto: para quê tantos planos?
Mantendo os pés no chão,
Enquanto apenas passam os anos,
Sem sonhar com o coração.
Não entendo o porque
De tantos buscarem apenas o sucesso,
Não sei o que
Acontecerá nessa busca cega por progresso.
Quando uns pouco ou nada tem
E ainda assim são felizes,
Outros com tudo não estão bem
E ainda dizem ser infelizes.
De que adianta tanto correr
Se for para chegar a lugar nenhum?
Se não for para intensamente viver?
Se for por algo comum?
Então, se ela não é tão longa,
Se é única e paciente,
Temos que ser como a onda
Que quebra e se ergue contente.
Que joguemos fora a agenda,
Que valorizemos o ser,
Que com a vida a gente aprenda
Que o único compromisso é viver.