BAGAÇOS
Estou perdendo de mim nacos de loucura,
Ficam na gula desejada, nos cacos do amanhã,
Ficam no cheiro da pele, no asco vivo da noite,
Estou perdendo por dia, um dígito na identidade.
Estou bebendo de mim a áurea da euforia,
Ficam no húmus da boca os vidros crocantes,
Ficam nas bolhas espumantes o ruído da rolha,
Estou quebrando cascos, frascos de veneno doce.
Estou amputando de mim a raiz dos sentidos,
Ficam motivos, movidos do aço temperado,
Ficam atrevidos bagaços de sonhos vivos,
Estou aquecendo os abraços do tempo a ter.