Vertigem
Estou sentindo
Cheiro de nada
Nada no vento, nada no tempo
Sinto repulsa
Não sei de quem ou do quê
Só sei que vejo
E o que vejo é o piano sozinho a embalar uma melodia linda
Que nunca ouvi tocando
Será uma nova chance de mudar?
Para o bem, é claro?
Lutar contra a vertigem maligna que invade o ser
A alta maré de azar que varre e limpa a branca areia do jardim da perdição
Lá estão agora Eva e adão
E não sei se o bem existe
Ao adentrar os portões o mesmo aroma toma conta
Cheiro de morte, traição
A caixa de musica medieval ainda embala a valsa da descontentação
E o salão preparado para a tragédia está
Todos os convidados sentados e só vejo em pé
Eu mesma
Grito e corro. Quem me ajudará,
Se eu adentrei no quadro da sala escondida
E ninguém percebeu a obra de arte tomar vida
Arte é vida
Vida é morte basicamente
E quem não quiser ser indigente
Tem que invadir alguma realidade
Que não seja a sua própria
E usurpar um pouco de perdição ou retração