Saudade da cidade da garôa!
Não era um avião caindo
Nem era um pedacinho de céu
Nem chuva e nem nada.
O que caia era névoa no inverno paulista
esbranquiçando o verde do jardim.
A garotada saltitava e aos gritos
aplaudiam o que viam e o que sentiam.
Da janela os mais velhos gargalhavam
com as estrepolias da petizada.
O carteiro hoje não viria certamente
pois o gordo homem das neves não trabalhava no frio.
Mas vinha manhacedinho o entregador de pães,
depois o de jornal, depois o leiteiro.
E somente um tempo depois despertava a casa,
os cães, e os dono da casa.
A filha mais velha ia à escola primária
receber as primeiras letras.
A caçula, no jardim da infância: - " Marcha soldado..."
E crescia o tempo da minha memória
num lapso de agora lembrança,
um tempo antigo que parecia ontem, um ontem dentro do hoje.
Ah! Saudade da Sâo Paulo da Garôa!