Eu e você
Meu escapismo
Meu egoísmo
Meu niilismo
Meu prazer
Tão meus quanto seus
Então nossos
Eu e você
Mas hoje você está
tão triste por enxergar
que o mundo em não mudar
assim então persiste
Também me entristeço
em não me iludir
diferindo de você
Esperança de mudá-lo
eu me nego a ver
Daí a gente
então se busca
uma vez mal
o mundo muda
Uma vez
melhor que a outra
Em um gostar
quase pleno
Em um sexo
quase farto
Então você me some
"Até a sala pegar cigarro"
Saudade breve
se faz meu fardo
em quase luxo
motel barato
Ajudou-me então
a descobrir
que mesmo em
minha descrença
reside então minha carência
Que não sou tão forte assim
"Meu cigarro..."
_Você me diz
"... Que pena tu não quer."
"Por que não?"
_Pergunto eu
"Niilista aqui somente eu
Pois você bem sei não é"
"Mais do que acha..."
_Você retruca
"... Em algo você crê"
"Sua cama..."
_Eu minto
"...Tão boa assim não é
pra isso se fazer"
Minto pois
creio sim
apenas em bel-prazer
Palavra mais nenhuma então
Muda você se traja
"Seria bom se decidir
que amante você quer ser"
"Não se preocupe..."
_Digo eu.
"Pra sempre não ficarei
Mas sim até morrer
Se for bom para você"
Duvidosa
e entreaberta
a porta enfim
se decide e fecha
Tardando sua saída
Você até mim retorna
em lento ato de se despir
Posso ver em seu semblante
levemente seu sorriso
Encaro nos seus seios
novamente sua libido
"Se esqueça...'
_Você sugere
"... Da tendinite e toda culpa
E da vitória que não existe."
"Perdoe eu..."
_Eu te pedindo
"...De todo o mal
que eu te disse"
"Não é para tanto"
_Você mentindo
"Nem tanto assim eu me feri
Minha ida até a porta
uma charme apenas
fora de hora"
Teu odor outra vez
exalado do teu corpo
enfim me faz dizer
"Hmmmm... Cheiro bom
Cheiro de você"
Invade as narinas
nostalgia a mente
revira os oculares
e insatisfeitos
nossos corpos
mudando de lugares
Como se deve
descrença e fé
coexistir e se fazer
meu escapismo e egoísmo
meu niilismo e meu prazer
Tão meus quanto seus
Então nossos
Eu e você.