Finalmente.
Finalmente deixou de ser uma da tarde...
Há dias era uma da tarde...
Aquele sol doente a derreter asfaltos...
E botar os miolos a pestanejar...
Agora são duas e dois...
Daqui há pouco, quem sabe, três...
E as horas vão se esvaindo como sonhos ao vento...
Finalmente deixou de ser uma da tarde!
Logo a madrugada virá...
E o prenúncio de um novo dia ditará as regras...
Os homens acordarão com suas fomes de outras eras...
Comerão seus pães, suas frutas, queijos e mortadelas...
Ingerirão seus cafés em casa ou em panificadoras mofadas de esquinas...
E alguma coisa absurda os impulsionará a continuar...
A arrastar seus solados até o estertor e o aconchego do ar-condicionado...
Do cobertor, ventilador, a janela da mente aberta, no fogo do amor e do calor que arrasta e arrasa todos, tolos ou não, todos os dias...