Poema de propósito
Mudo o discurso
o percurso
e a travessia...
Atrevo-me por mim
a sair de mim
a inventar um outro eu
a comprar pão na esquina...
Ensaio um grito
rou as unhas
mordo a língua
e invento desculpas...
Faço o que não devo
levo o nome que não mereço
e fico fora da poesia...
Minha rima é pobre
meu verso é triste
não tenho métrica, nem metáfora
Me faço diáspora
sem dó nem piedade
porém não tenho culpa!
Sou humano
tenho desânimo
e claustrofobia...
Preso em mim
eu sou assim
por isso eu, mudo,
mudo permaneço
até que me esqueço
de sua companhia...