(PASSIONÁRIA)
na distância,
o eterno passo
com marcas em desníveis...
vais prá passárgada,
onde a mulher que se quer,
descansa na cama do amigo do rei?
ou vai passionária,
de estandarte luzente,
arrebatando os furibundos
que golpeiam as ondas insensíveis?!
se me permitissem, talvez,
seguiria teus passos
- ainda que em desníveis -
e mergulhava em teu canto,
feito gente, feito bicho.
seguiria teu grito
que evolui como rastilho incandescente,
pêlos vastos mares empobrecidos.
se me permitissem,
apinharia nos andes
onde por certo seguirás cantando,
o teu canto louco e visionário,
arrebatando loucos, visionários também,
levantando-os com seu cordão vibrante,
de estandarte em punho
e com voz altissonante.
se me permitissem,
te seguiria também,
como farrapo encardido
por onde quer que fosses.
no retorno,
perseguirás a distância
ainda rouca e sem canto,
e lá estaria ainda,
perdido de insônia
e arrastando a ânsia
de teu cordão profano.
trarás por certo,
o passo torpe
ainda revestido dos mesmos andrajos,
construídos num lugar além,
onde o canto soou mais firme,
e onde hasteastes,
para sempre e sem sentido
um estandarte roto.