Se

Se eu morresse hoje, assim de repente,

ela só ficaria sabendo alguns dias depois, provavelmente,

por algum amigo em comum.

E então se sentaria em sua cama e colocaria o rosto entre as mãos.

Pensaria nas coisas que me disse, nas coisas que fez e que não fez,

e então viria um desespero mudo.

Ela se deixaria ali, parada, sem nem mesmo chorar.

Chorar seria admitir que era verdade.

Naquele momento ela não estaria pronta para isso.

Então pegaria o telefone e tentaria me ligar,

sem sucesso.

Só então cairia a primeira lágrima

e depois outra e outra

e então um oceano inteiro.

Pararia para ler meus textos e poesias.

Até os que tinha odiado,

só para sentir tudo de novo.

Se eu morresse hoje,

talvez ela descobrisse que me amava acima de tudo.

E que tempo desperdiçado não se recupera.

Se eu morresse hoje, talvez

ela viesse bater em minha porta

e jogaria o orgulho de lado,

todo o peso,

e tudo o que ficava entre nós.

Se eu morresse hoje, ou amanhã

ela lamentaria por ser tarde demais,

para qualquer ação desesperada,

para qualquer declaração,

e para uma nova tentativa.

mas ainda assim, ela me amaria.

Me amaria na morte,

mais do que me amou na vida...

tenho quase certeza disso.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 05/03/2015
Código do texto: T5159224
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