O Pintor

A melodia fazia-se, na sua cabeça desgrenhada

escutava o tempo, diziam

prendia os olhos a nada.

Nunca se viu na taverna, mas tombava na calçada.

Álcool só como cura, como força prá lonjura, como premissa de beijo.

As mais das vezes sozinho se só é ficar alheio

a viver como esta erva com flores de permeio.

Pintava o que a alma dizia

mas muito se esquecia por serem tantos recados.

Olha os olhos da figura que estão arregalados!

E ele corrigia, fazia o jeito e deixava que o arregalo se visse.

Claro que é modernice ver coisas onde não há,

claro que gente desta não gosta de qualquer festa

por ser de pecado menino.

Ele tem em si a música nascem-lhe anjos no telhado

e o amor do seu destino está com o vizinho do lado.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 04/03/2015
Código do texto: T5157987
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