O Pintor
A melodia fazia-se, na sua cabeça desgrenhada
escutava o tempo, diziam
prendia os olhos a nada.
Nunca se viu na taverna, mas tombava na calçada.
Álcool só como cura, como força prá lonjura, como premissa de beijo.
As mais das vezes sozinho se só é ficar alheio
a viver como esta erva com flores de permeio.
Pintava o que a alma dizia
mas muito se esquecia por serem tantos recados.
Olha os olhos da figura que estão arregalados!
E ele corrigia, fazia o jeito e deixava que o arregalo se visse.
Claro que é modernice ver coisas onde não há,
claro que gente desta não gosta de qualquer festa
por ser de pecado menino.
Ele tem em si a música nascem-lhe anjos no telhado
e o amor do seu destino está com o vizinho do lado.